terça-feira, agosto 09, 2016

ESTE – A Companhia que não vai de férias

Já perdi a conta ao número de edições do Teatro_Agosto - Festival Internacional de Teatro ao Ar Livre que se realiza no Fundão no mês em que o país para e toda a gente se abeira da frescura do mar.

Quando nasceu, o Teatro_Agosto,  foi encarado pelos mais céticos como uma aposta cultural a prazo. Mesmo no meio cultural poucos acreditavam que a qualidade dos espetáculos de teatro, música e as master classes fossem suficientemente atraentes para afirmar a programação milimetricamente pensada pela ESTE- Estação Teatral.

Enganaram-se! 

O Teatro_Agosto está aí para continuar a afirmar o Fundão como cidade de pequena dimensão mas cheia de pujança em oferta cultural.

Uma noite destas, numa daquelas conversas para socializar e atualizar a informação que não entra na rotina das partilhas, foi encantador observar o brilhozinho no olhar do Alexandre Barata - a par do Nuno Pino Custódio, é alma da ESTE - quando partilhava, orgulhoso, o programa do Festival que se inicia no dia 19 de agosto.

De facto a companhia de teatro que resiste à falta de uma sede social e se adapta a novos constrangimentos só pode orgulhar-se do percurso. Não estarei enganada se sublinhar os mais de dez anos de um percurso artístico que centrou o Fundão no mapa da oferta de teatro e deu a esta cidade um lugar cimeiro na programação cultural de Verão.

Enquanto o país se reúne a sul e se envolve no turismo de massas, nós por cá acolhemos um senhor Festival.


E a programação promete! 

22 espetáculos de música, teatro, ilusionismo, cinema e animação de rua. 
A animação pelas ruas da cidade irá, aliás, enriquecer um outro evento cultural (O Cale) que arranca já nos próximos dias. 

Na componente cinematográfica o Teatro_ Agosto permitirá observar várias curtas-metragens produzidas e realizadas por estudantes de cinema da Universidade da Beira Interior.  

A apresentação (dia 25 de agosto) da peça “Bamba Vamba Wamba”, que a ESTE estreou recentemente, será um dos momentos do Festival que volta a trazer ao Fundão o consagrado ator internacional Leo Bassi. 
Além de apresentar (dia 28 de agosto) “the best of Bassi”, Leo Bassi será responsável pela realização de uma master classe “que está esgotada desde a primeira hora”, dizia-me Alexandre Barata. 

Atenção redobrada merecerá, estou segura, a apresentação (dia 21 de agosto) de “Lullaby”  por Cão à Chuva com Rui Paixão que fará parte do elenco da nova vaga de representações do afamado Cirque du Soleil. 
Ao todo serão dez dias de espetáculos cujo epicentro será a Moagem-Cidade do Engenho e das Artes no Fundão mas com extensões no Alcaide e Silvares (Fundão) e em Castelo Branco. Consulte a programação http://esteteatro.com/page/teatroagosto-2016


segunda-feira, agosto 01, 2016

Quando a Música é uma Brisa de Verão

Terminou mais uma edição do Festival de Música Antiga de Castelo Novo. Um evento diferenciador que em boa hora  Vítor Martins e Pedro Rafael Costa trouxeram para a Aldeia Histórica do concelho do Fundão. A concepção e produção do Festival é assinada pelo Município do Fundão.

É uma ideia muito feliz. Espero que se repita por muitos Verões, estações, momentos e ocasiões.

Às vezes, muitas vezes, bastam as conversas - de preferência se forem como as cerejas - para fazer acontecer e romper com a monotonia dos dias.

Encravada na encosta da Gardunha, Castelo Novo é uma dessas raras jóias do Património da nossa Beira e do país do bom sol e das tradições que nunca morrem. Mas essa geografia nem sempre é suficiente para concretizar sonhos e fazer da vontade uma narrativa com final feliz.
Felizmente há os entusiastas. Homens e mulheres capazes de arregaçar as mangas, bater a todas as portas e fazer acontecer.

O Festival de Música Antiga de Castelo Novo vai na IV edição. Penitencio-me por ter demorado tanto tempo a observá-lo e a deixar-me voar pela sonoridades dos séculos XVI, XVII e XVIII.

Desta vez consegui dizer presente.  Não posso deixar de parabenizar Vítor Martins, um ilustre cidadão de Castelo Novo, e Pedro Rafael Costa, um homem da rádio que se rendeu a Castelo Novo (quem não se rende?) e que com a ajuda do Município do Fundão e da Rede de Aldeias Históricas de Portugal conseguiram realizar "Ventos Nocturnos"

O nome do Festival não poderia ser mais bem escolhido pois as noites imensamente quentes requerem uma brisa e algo que nos faça despertar os sentidos e viajar....viajar...até onde a mente alcança.

O Festival de Música Antiga de Castelo Novo que levou àquela aldeia a soprano Ana Paula Russo e a mezzo soprano e criativa cantora de música antiga Maria Jonas foi essa lufada de ar fresco com sabor a banho refrescante de cultura. 

Aquele espetáculo da dança barroca que nos transportou para a obra de Sebastian Bach foi excepcional. 
A abertura "com chave de ouro" do Festival aconteceu  no jardim da Quinta do Alardo. Um espaço emblemático da freguesia. Um belíssimo jardim onde ainda é possível observar o património da Quinta do Alardo. Era de noite e não se viam as flores mas os cedros e as marcas de um jardim romântico acrescentaram beleza à Suite Orquestral majestosamente dançada  por um corpo de bailarinos (as) cuja a coreografia foi assinada por Isabel Gonzaga.

O segundo espetáculo a que assisti foi igualmente belo e diferenciador. Aquela viagem sonora e visual ao universo medieval e as cantigas de amigo interpretadas pela Maria Jonas acompanhada pela percussão, guiterne e flautas transversais foi encantadora.

Nota ainda para as explicações prévias de cada espetáculo, um enquadramento histórico notável que ajuda a formar públicos e nos transporta para um tempo e um espaço quantas vezes inimagináveis mas que nos aguçam o apetite para uma nova jornada de descoberta da música e da riqueza dos nossos antepassados.

O Festival de Música Antiga foi, pois,  uma intensa e introspectiva brisa de Verão. 
Venha o próximo e que na próxima edição consigamos cativar mais jovens por forma a que também eles possam observar a história muito para além dos bancos da escola ou da faculdade.

Obrigada pela cumplicidade!


Eugénio de Andrade o poeta maior

 Fui à Póvoa. À terra do poeta nascido há uma centena de anos. Encontrei memória falada, orgulho e expetativa quanto à importância de Póvoa ...