quarta-feira, setembro 28, 2016

Guardiões do Pintor

Os Traços de união do pintor das paisagens da Gardunha e da Raia também conhecido como pintor doa afectos fizeram-se ouvir numa tertúlia à volta da vida e obra de Barata Moura.


Foi há dias numa sessão integrada nas Jornadas Europeias do Património que também aconteceram no Fundão, um dos territórios da geografia de afectos do pintor falecido em dezembro de 2011. Meses depois de uma comunidade inteira ter festejado o centenário do artista que sempre engrandeceu os Bombeiros Voluntários do Fundão e todas as organizações e pessoas que no percurso de homem bom se cruzaram com o artista.

Barata Moura costumava ficar com os olhos rasos de água e às vezes quando falava do seu Fundão o olhar também se iluminava. 

Quase cinco anos depois do desaparecimento do pintor das paisagens e pelourinhos da Beira Baixa, o Museu Arqueológico Municipal do Fundão  juntou alguns amigos e conhecedores da obra que é uma espécie de puzzle ou traço de união entre territórios da Beira Baixa, região que muito enriquece as muitas dezenas de quadros espalhados por aldeias e cidades da região.

São essas obras que daqui a algum tempo poderão ficar reunidas num espaço museológico que Castelo Novo reclama e que, a fazer fé nas intenções e promessas autárquicas, será uma realidade.

Na mesa-redonda dedicada a Barata Moura merece especial ênfase a intervenção de Silva Amaro, o pintor cujo ofício descobriu inspirando-se no “Mestre Barata Moura”. "Não escondo que Barata Moura foi determinante na minha carreira de pintor. Os meus quadros pretendem homenagear e respeitar a memória de um homem bastante generoso. Um homem de palavra. Coisa rara nos tempos que correm", disse Silva Amaro.


domingo, setembro 25, 2016

Encontro com D.Dinis

As "Muralhas com História" da aldeia histórica de Sortelha no concelho do Sabugal receberam por estes dias uma centena de figurantes que, com um verdadeiro espírito trovadoresco, permitiram aos visitantes recuar aos séculos XIII e XIV.
Aconteceu na edição VI da Feira Medieval organizada pelo município local e cujo mote foi exactamente a história que se esconde na muralhada e bela Sortelha.
E foi uma feira bastante rica em cenários e encenação e cujos figurantes, decoração das casas e tascas temáticas nos transportaram para as vivências da época.
Entrar na aldeia muralhada e darmos-nos conta da explosão de vida e animação sem esquecer Dom Dinis, Rei Trovador e Lavrador é mais que uma viagem à já de si ímpar e imponente Sortelha. 

Há festas e festas e por estas bandas não faltam municípios a recorrer à criatividade da vizinhança para se lançarem em hipotéticas inovações que mais cedo ou mais tarde se esgotam ou passam a ser ponto de encontro para comes e bebes ou discotecas ao ar livre.
 Saibamos então, pelo menos,  tirar partido da essência e beber todo o processo criativo. Uma vez apreendida a metodologia de trabalho  tornar-se-à mais fácil fazer mais e melhor.
E em Sortelha faz-se bem! 

É salutar quando o passeio  nos garante que demos por bem empregue as horas passadas no contacto com locais e transeuntes. Gente de todo o lado, espanhóis também, satisfeita com a as recriações históricas,  mercado da época, tabernas, animação, torneios a cavalo, demonstrações de artes e ofícios. 
A concretização de um acampamento militar, os jogos medievais e os espetáculos de qualidade como os Galandum Galundaina ,https://www.youtube.com/watch?v=O8HQb8FAWQM, são bem demonstrativos de como havendo estratégia e inovação se torna mais fácil recriar com êxito.

Foi bonita a festa pá!

sexta-feira, setembro 23, 2016

After Eight na Quinta


Iniciar a manhã numa visita à Quinta Pedagógica do Fundão, quando ainda está fresquinho e as temperaturas de um primeiro dia de Outono traduzem a mansidão do tempo pode ser mais que isso.

Os olhos fixam-se no jardim das ervas aromáticas mas rapidamente se desconcentram. 
O olfato saboreia um estranho mas intensamente fresco cheiro a hortelã chocolate.

Lembra-se do sabor dos after eight? 
É muito mais intenso.

Observamos a paisagem e nem queremos acreditar que a Quinta Pedagógica do Fundão fica mesmo no sopé da Gardunha. Não tarda o verde, que torna fresco o postal do Fundão, dará lugar a uma enriquecedora paleta de cores castanhas, amareladas e laranja...

A beleza da Quinta, que a Misericórdia do Fundão em boa hora abriu na capital da cereja ,ganha ainda mais vigor com as vistas de um horizonte dourado e poderosamente inspirador.

Inspiradoras são as visitas à Quinta. Ao que sei o espaço é bastante procurado por estabelecimentos de ensino de todo o país. Mas é também um laboratório de experiências ao ar livre para as crianças das escolas do Fundão e do jardim-de-infância da Santa Casa da Misericórdia.

Dizem-me que por estas bandas também há dinâmicas para os mais velhos. Até quem tem dificuldades de locomoção se diverte neste paraíso entre a Gardunha e a cidade do Fundão. E na quinta revivem as práticas do oficio que outrora os ocupou nos campos da Beira.

Na manhã em que estive na Quinta Pedagógica do Fundão a mesma estava a ser visitada por dezenas de crianças que ora se divertiam com as histórias à volta da vida animal, ora andavam de burro ou apanhavam chás e ervas aromáticas.

Num ambiente natural e de constante contacto com a terra, o visitante é convidado a descobrir as culturas e a fruta da época. As aves e outros vivos que dão cor e vida à Quinta.

Foi nesse instante de alegria e descoberta que também eu descobri o cheiro da hortelã chocolate. O perfume agarrou-se às mãos. O cheiro entrou-me pelo nariz e alojou-se na garganta.

E eis que me ocorre cantarolar aquela canção da Viviane  e diz assim:

Esse perfume me persegue...quente, forte e subtil
Passeia por mim livremente...como se fosse gentil
Se me aparece de repente...inspiro-o profundamente

Para desvendá-lo, para decifrá-lo, queria agarrá-lo...
Queria agarrá-lo, metê-lo no meu frasco, fechá-lo bem p'ra não fugir...

Mas ele insiste, ele insiste...
brinca comigo devagar

Leva-me à minha memória...
convida-me a divagar
Queria agarrá-lo, metê-lo no meu frasco, fechá-lo bem p'ra não fugir...
P'ra não fugir... 
https://www.youtube.com/watch?v=88RlFTCuGrY

Eugénio de Andrade o poeta maior

 Fui à Póvoa. À terra do poeta nascido há uma centena de anos. Encontrei memória falada, orgulho e expetativa quanto à importância de Póvoa ...