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quarta-feira, agosto 23, 2017

Hip-Hop no TeatroAgosto

“Antecipar o futuro” é o título de um álbum de canções de Hip-Hop interpretadas por Cevas. Cativou a minha atenção numa das noites da edição XIII do Festival Internacional de Teatro ao Ar Livre que decorre no Fundão até dia 27 de agosto.

Ir ao TeatroAgosto no mês em que a oferta cultural parece mais vocacionada para festas e romarias é uma bênção para quem continua a acreditar que no Interior de Portugal há movida e há quem faça acontecer.



O Festival de Teatro do Fundão é organizado pela ESTE- Estação Teatral. Uma companhia profissional de teatro radicada no Fundão que, a muito custo e movida a balões de oxigénio, consegue promover iniciativas culturais diferenciadoras que também acrescentam notoriedade ao Fundão.

Desde sempre a surpreender direcionando os espetadores e seguidores para o teatro que mergulha na identidade de um território mas também trabalha obras de grandes dramaturgos, a ESTE presenteia-nos a cada Verão com um cartaz cultural que orgulha uma comunidade inteira.

Desta vez o TeatroAgosto volta a brindar-nos com música e já esta noite (23 de agosto) há um Café Concerto - que é solidário pois as entradas revertem a favor da campanha de reflorestação da serra da Gardunha- em que atua “Anita do Brasil”. Ouviremos, então bossa nova, samba e a guitarra carioca interpretada por Miguelão. Antes disso teremos oportunidade de assistir à mais recente produção da ESTE. "Há Beira na revolta" é um espectáculo que reúne quatro histórias de força  e resiliência beirã: A tomada do Carvalhal, A história do Zé de Manteigas, A Rua dos Alves e As Cebolas de Napoleão.Cá está um exemplo de como a recolha e trabalho de laboratório da Estação Teatral nos ajuda a compreender o território!

Não faltam, pois, motivos para estar em mais um serão na Moagem-cidade do engenho e das artes.

Ali, voltando ao princípio deste texto, descobri a paixão e arte do jovem natural do Alcaide “Cevas” que através das letras das suas canções acrescentou criatividade e uma energia vibrante ao Festival de Teatro do Fundão. Antecipando o futuro, Cevas encantou-nos com a nostalgia de um amanhã relacionado com a memória coletiva de um território marcadamente rural e cuja geografia é inspiração para as letras do jovem rapper nascido na década de oitenta.

O Jovem Simple Sample Digger como se identifica nas redes sociais tem a freguesia do Alcaide no coração. Das suas letras brotam palavras de saudosismo quanto à movida na aldeia e convívios citadinos em lugares emblemáticos do seu Fundão. A cidade onde estudou, cresceu e se fez homem e à qual regressou para uma noite de ritmos que entusiasmaram a plateia constituída por fiéis seguidores do percurso do músico que já editou dezenas de álbuns e trabalhou com inúmeros dj´s de Portugal e do estrangeiro.

No TeatroAgosto fez-se acompanhar do Dj Fatinch e na voz fez duos com Uno. Cevas está ligado ao movimento Hip Hop no Fundão e o seu trabalho parece estar a dar frutos. Basta ouvir atentamente um dos mais conhecidos temas do rapaz que foge aos padrões comerciais e coloca em cada letra o seu mais apurado sentido critico denotando a irreverência própria dos criativos. 


e a letra



Observei mais do que falei, fui observador, 
Olhei no ínfimo dos outros, tornei me comunicador, 
Saltei a cerca dos limites sem ser anarquista, '
A vista vês me com ideais universalista. 

Dei mais ouvidos a quem precisou de uma pista certa, 
Aperta a mão que eu te ajudo a ficar alerta, 
Acerta o ritmo de uma vida que dói e infecta, 
E se intersecta em humildade que aceita a recta. 

A identidade que encontrei também te inspira, 
Na mira sou o que sei bem sem ser um akira, 
Prefira eu viver em paz com o que te transpira, 
Na ira estás sem soluções que mingua ou mirra. 

E tudo é grande ou pequeno consoante a estala, 
Dentro da escala a dimensão só ilude a fala, 
Ninguém agrada a toda a gente pela falta de tempo, 
Além do ser mais resiliente existe o consentimento. 

Mantenho o circulo em aberto para a tua entrada, 
Permito noções de unidade de forma ilimitada, 
Onde o limite se estabelece se o que percebeste foi nada, 
O entendimento está para quem sente a mesma bojarda. 

E os que se juntam ao movimento buscam pertencer, 
A uma atitude implacável sem razão de ser, 
Só por valer, prevalecer...
Nem sei se tas a entender....

terça-feira, agosto 09, 2016

ESTE – A Companhia que não vai de férias

Já perdi a conta ao número de edições do Teatro_Agosto - Festival Internacional de Teatro ao Ar Livre que se realiza no Fundão no mês em que o país para e toda a gente se abeira da frescura do mar.

Quando nasceu, o Teatro_Agosto,  foi encarado pelos mais céticos como uma aposta cultural a prazo. Mesmo no meio cultural poucos acreditavam que a qualidade dos espetáculos de teatro, música e as master classes fossem suficientemente atraentes para afirmar a programação milimetricamente pensada pela ESTE- Estação Teatral.

Enganaram-se! 

O Teatro_Agosto está aí para continuar a afirmar o Fundão como cidade de pequena dimensão mas cheia de pujança em oferta cultural.

Uma noite destas, numa daquelas conversas para socializar e atualizar a informação que não entra na rotina das partilhas, foi encantador observar o brilhozinho no olhar do Alexandre Barata - a par do Nuno Pino Custódio, é alma da ESTE - quando partilhava, orgulhoso, o programa do Festival que se inicia no dia 19 de agosto.

De facto a companhia de teatro que resiste à falta de uma sede social e se adapta a novos constrangimentos só pode orgulhar-se do percurso. Não estarei enganada se sublinhar os mais de dez anos de um percurso artístico que centrou o Fundão no mapa da oferta de teatro e deu a esta cidade um lugar cimeiro na programação cultural de Verão.

Enquanto o país se reúne a sul e se envolve no turismo de massas, nós por cá acolhemos um senhor Festival.


E a programação promete! 

22 espetáculos de música, teatro, ilusionismo, cinema e animação de rua. 
A animação pelas ruas da cidade irá, aliás, enriquecer um outro evento cultural (O Cale) que arranca já nos próximos dias. 

Na componente cinematográfica o Teatro_ Agosto permitirá observar várias curtas-metragens produzidas e realizadas por estudantes de cinema da Universidade da Beira Interior.  

A apresentação (dia 25 de agosto) da peça “Bamba Vamba Wamba”, que a ESTE estreou recentemente, será um dos momentos do Festival que volta a trazer ao Fundão o consagrado ator internacional Leo Bassi. 
Além de apresentar (dia 28 de agosto) “the best of Bassi”, Leo Bassi será responsável pela realização de uma master classe “que está esgotada desde a primeira hora”, dizia-me Alexandre Barata. 

Atenção redobrada merecerá, estou segura, a apresentação (dia 21 de agosto) de “Lullaby”  por Cão à Chuva com Rui Paixão que fará parte do elenco da nova vaga de representações do afamado Cirque du Soleil. 
Ao todo serão dez dias de espetáculos cujo epicentro será a Moagem-Cidade do Engenho e das Artes no Fundão mas com extensões no Alcaide e Silvares (Fundão) e em Castelo Branco. Consulte a programação http://esteteatro.com/page/teatroagosto-2016


Eugénio de Andrade o poeta maior

 Fui à Póvoa. À terra do poeta nascido há uma centena de anos. Encontrei memória falada, orgulho e expetativa quanto à importância de Póvoa ...