Ana
Almeida, Rodolfo Pinto Silva, Liliana Machadinho, Sérgio Figueiredo, Carla
Loureiro e Marisa Miranda. Que têm em comum estes nomes? O jornal Notícias da Covilhã.
Foi no mais antigo semanário do distrito de Castelo Branco que esta semana
recordei algumas passagens do meu percurso de atividade no jornalismo, lado a
lado com estas pessoas.
Que
é feito destes profissionais que outrora escreveram sobre lugares e projetos
deste território que também é a minha geografia de causas e de afetos?
Pelo
que observo o jornalismo perdeu uma parte destas pessoas. Chegaram à região por
via da Universidade da Beira Interior. Cursaram ciências da comunicação,
realizaram estágio e exerceram a profissão de jornalistas mas quase lhes perdi
o rasto. Os órgãos de comunicação social não conseguiram mantê-los.
Ontem
como hoje os recursos financeiros escasseiam, as redações estão à míngua de profissionais
credenciados. Por maior que seja o gosto pela profissão, tantas vezes mal paga
e desvalorizada, a gente faz-se à vida em outros projetos, muitas vezes longe
da região onde nos apaixonamos pelo exercício do jornalismo livre.
Felizmente
há as redes sociais que tanto diabolizamos mas que também têm virtudes.
Aproximam-nos. Promovem reencontros virtuais com as nossas pessoas. Com gente
boa e talentosa com a qual tivemos o privilégio de nos cruzar.
E
que fizémos para as manter por cá?
Reflexões
que marcaram a conversa mantida esta semana com o senhor Aurélio Carrega, uma
espécie de guardador da memória do semanário de inspiração cristã que por estes
dias assinala cem anos de existência.
É
verdade, fui às instalações do Notícias da Covilhã na zona antiga da cidade
universitária e na rota da arte urbana. Estive no Notícias no dia em que o
jornal, fundado em 1913 com o nome “ A Democracia” e rebatizado em 1919,
regressa á casa mãe. Na rua de Santa Maria à qual em 1999 o município da
Covilhã atribuiu o nome de rua Jornal Notícias da Covilhã.
Ouvi
o testemunho cronológico da história do Notícias e bebi do entusiasmo, agora
mais distanciado por via da sua condição de reformado, do homem que durante 57
anos cuidou das contas do jornal, lidando com adversidades, críticas e
emergências.
Os
vários processos de modernização tecnológica, o fim do processo tipográfico, o
sonho das novas instalações no Parque Industrial da Covilhã, o encerramento da
gráfica do Notícias.
Memórias
com gente dentro na narrativa verbalizada pelo senhor Aurélio Carrega que é o
meu convidado no programa “Porque Hoje é Domingo” de dia 26 de maio de 2019 na
Rádio Cova da Beira.
Aurélio Carrega e Luís Pardal Freire nas renovadas instalações do Notícias da Covilhã |
A
conversa previamente gravada levará os ouvintes à lembrança e percurso do
Notícias da Covilhã. O jornal que nos 75 anos foi condecorado pela Presidência
do Conselho de Ministros e pela Câmara da Covilhã, entidade que em 2012
entregou ao então diretor, o arcipreste Fernando Brito dos Santos, a Medalha de
ouro de Mérito Municipal.
Marcos
históricos no percurso da publicação que teve como diretores, José Andrade,
António Mendes Fernandes, José Geraldes, Fernando Brito e Luís Pardal freire.
O
atual diretor também participa nas conversas e garante que o Notícias da
Covilhã continuará a fazer “jornalismo de proximidade e de causas mas nunca de
subserviência”.
Por
aqui, continuaremos a olhar para o Notícias da Covilhã, um dos 33 jornais com
mais de 100 anos, como uma referência no panorama da imprensa regional.
Uma
voz na diáspora.
Uma
publicação em que não raras vezes sabe bem viajar pela narrativa factual ou pela
reportagem enriquecedora da Ana Ribeiro Rodrigues. Uma beirã da terra da cereja
pela qual mantenho respeito e admiração profissional.
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