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quinta-feira, abril 22, 2021

Confinamento de Mulheres e outros alertas

- Acordai
Acordai
Homens que dormis
A embalar a dor
Dos silêncios vis
Vinde no clamor
Das almas viris
Arrancar a flor
Que dorme na raiz
Acordai
Acordai
Raios e tufões
Que dormis no ar
E nas multidões
Vinde incendiar
De astros e canções
As pedras do mar
O mundo e os corações
Acordai
Acendei
De almas e de sóis
Este mar sem cais
Nem luz de faróis
E acordai depois
Das lutas finais
Os nossos heróis
Que dormem nos covais. 



Acordai!
"Acordai" na poesia de José Gomes Ferreira e na música de Fernando Lopes Graça foi o mote inspirador para o alerta, os alertas, que a peça "Confinamento de Mulheres" apresentada, durante duas sessões, na Moagem no Fundão deixou às dezenas de espetadores que terça e quarta feira assistiram à interpretação da CIA Atma das Artes liderada pela encenadora e atriz brasileira Sílvia Lucarini.





Ao longo de três quartos de hora ouvimos canções e poemas intemporais de Florbela Espana, Miguel Torga ou Rupi Kaur numa majestosa interpretação de Ana Leonor Santos, Luísa Nunes, Liliana Passos que nos fizeram refletir sobre a vida das pessoas cuja liberdade tantas vezes é condicionada.

"A crença no poder do julgamento desvanece-se sentindo o coração", disseram alto e bom som no palco performativo de onde sobressaíram vozes de inconformismo face ao continuado abuso de mulheres e pessoas sem voz. 

Pessoas confinadas e abusadas cuja tenacidade e determinação as leva a expressar indignação e comprometimento pela liberdade de outras mulheres, homens, crianças e seres carentes de sementes transformadoras como renovada foi a sensação coletiva de inquietude face à realidade da espuma dos dias.

Foi um espetáculo libertador e introspetivo no qual não faltaram os sons da natureza, símbolos de paz e harmonia na Primavera de 2021. Ou na Primavera que há em cada gesto. 





sexta-feira, novembro 29, 2019

Avenida esse encontro feliz


«A Avenida – uma chama viva onde quer que viva». 
O título da nova peça da ESTE – Estação Teatral é por si só bastante apelativo. Vai daí a gente dá-se ao trabalho de sair de casa num quinta-feira à noite e fica logo contente com a adesão do Fundão à 38ª produção da Companhia de Teatro que há 15 anos resiste e subsiste ao quotidiano da vida artística e às dificuldades que à mesma, quase sempre, estão associadas.

Mas este meu momento de partilha não é para lamentar que a ESTE continue sem uma casa própria para desenvolver os projetos criativos, prolongando e valorizando as vivências da nossa geografia cultural, etnográfica, histórica e poética.
Servem estas linhas para dizer-lhes que é mesmo importante saírem de casa e assistirem ao novo espetáculo da ESTE.


«A Avenida» é um reencontro com a nossa memória coletiva. Os lugares, as lojas, as pessoas do centro nevrálgico do nosso Fundão, numa narrativa cheia de vida e humor que não deixará nenhum espetador indiferente.

«A Avenida» está em cena na Moagem no Fundão até dia 15 de dezembro, é apenas o primeiro de três criações assinadas pelo dramaturgo Nuno Pino Custódio que haverá de transportar-nos até outras realidades.

Neste episódio atores e espetadores viajam no tempo e recuam aos anos 40 e 50 do seculo XX. No próximo ano a companhia presentear-nos-á com as vivências do Fundão no tempo de Salazar e de Kubitschek. Por fim haveremos de assistir ao fôlego final que é a Liberdade.

A liberdade, criativa, é aliás a tónica dominante no espetáculo concretizado a partir da recolha junto da comunidade local de depoimentos de comerciantes, alfaiates, floristas, relojoeiros e outros conhecedores do Fundão.

Algumas dessas pessoas estiveram, como eu, na estreia de «A Avenida». Não imagina o leitor o grau de satisfação e alegria dessas pessoas que além de se reverem nos traços verbalizados sobre o Fundão de antigamente sentiram satisfação por, de certa forma, aqueles lugares tão nossos ganharem nova vida numa peça de teatro que além de preservar a história e estórias do Fundão também projeta o território enquanto lugar de vivências imortais.


«A Avenida» imortaliza, pois, esse traço do Fundão comercial cujas ruas ficavam cheias de gente muito para além dos dias de mercado.

Vão lá ver esse trabalho extraordinário de cocriação da ESTE e dos fundanenses que guardavam as melhores vivências do Fundão e agora se orgulham de ver os antepassados num formidável registo teatral cujos próximos capítulos / criações queremos acompanhar.

Parabéns à ESTE por nos surpreender em cada produção. 
Parabéns pela interpretação, cenários, guarda-roupa…..


Parabéns, vocês são uma bandeira cultural da nossa terra.

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