Fracções de memórias passadas. Tempos idos e diluídos na espuma dos dias. A actualidade desta Beira que é a nossa!
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terça-feira, junho 16, 2020
Castelo Novo esse amor sem rosto
Há lugares que de tão mágicos nos exortam a viajar pelo tempo. Castelo Novo, aqui retratado em drone é um desses pontos de paragem obrigatória no reencontro com o ser.
Observar a calmaria desta terra encravada na tantas vezes massacrada serra da Gardunha é alimentar a esperança de que um dia a beleza ímpar do casario, a imponência dos monumentos e as características da paisagem haverão de devolver a Castelo Novo a vida que merece.
A Aldeia Histórica de Portugal será, então, mais que memória e promessas adiadas. Será vida de pleno direito com investimento publico à altura de uma povoação amada pelos visitantes.
Amar Castelo Novo é senti-lo muito para lá das pessoas. É perceber que esta geografia que nos inspira não nos trai, como tantas vezes o homem traiu esta jóia do nosso património.
Castelo Novo é paz, serenidade e sensação de segurança. É sonho e horizonte de glória.
É acreditar que em cada dia há uma nova luz de esperança a fazer-nos ficar.
Voltar. Uma e outra vez. Sempre na expectativa de a capacitarmos.
Castelo Novo, um amor sem rosto!
terça-feira, abril 10, 2018
Caderno de Viagem
Breve apontamento sobre um passeio à geografia de
uma parte de Trás-os-Montes. Do Fundão a Bragança vinte anos de depois poderia
ser o subtítulo do texto que se segue.
Maria do Céu
Tomé tem 90 anos e mora em Marialva. Na manhã solarenga de finais de março,
Sexta-feira Santa, Maria abeirou-se dos convivas e logo ali deixou sinais de
ser uma boa conversadora. Uma anciã cheia de amor à terra e às lendas daquela
Aldeia Histórica de Portugal. Não fosse a necessidade de cumprir horário e o
Dia Santo teria sido preenchido a ouvir as suas lendas e tradições à volta de
Marialva.
Marialva não é só o belíssimo castelo do século
XII. À volta daquele Monumento Nacional assim classificado desde 1978 contam-se
histórias de personagens que experienciaram vivências inigualáveis. No interior
das muralhas são visíveis edifícios históricos como a antiga Casa da Câmara ou
o Pelourinho. Também podemos observar o vale que constitui a Meseta Ibérica e
imaginar-nos numa repetida caminhada de descoberta do território.
A redescoberta de Trás-os-Montes foi a motivação
para a viagem e a experiência, mais de 20 anos depois de lá ter estado,
permitiu-me descobrir que em Pocinho, a caminho de Vila Nova de Foz Côa, além
da belíssima vista sobre o rio Douro podemos ter o primeiro contacto com o
Centro de Alto Rendimento do Pocinho (CARP). Provavelmente uma infraestrutura
concretizada no tempo em que jorravam milhões da Europa que depois eram aplicados
em equipamentos sem utilidade.
Pensei.
Pensei.
Mas não!
O CARP da autoria do arquiteto Álvaro Andrade é propriedade do Município de Vila Nova de Foz Côa e foi inaugurado em 2016. Localizado nos socalcos da paisagem a 500 metros do Douro, o CARP já recebeu estágios de várias seleções internacionais de remo e canoagem e a sua construção junta-se às mais-valias turísticas e de lazer de um território onde as Gravuras Rupestres do Vale do Côa e a beleza do Douro Vinhateiro são ativos de enorme projeção.
O CARP da autoria do arquiteto Álvaro Andrade é propriedade do Município de Vila Nova de Foz Côa e foi inaugurado em 2016. Localizado nos socalcos da paisagem a 500 metros do Douro, o CARP já recebeu estágios de várias seleções internacionais de remo e canoagem e a sua construção junta-se às mais-valias turísticas e de lazer de um território onde as Gravuras Rupestres do Vale do Côa e a beleza do Douro Vinhateiro são ativos de enorme projeção.
Não tirei fotos mas neste sítio o leitor encontra testemunhos
e uma lista de prémios atribuídos ao equipamento. http://www.car-pocinho.pt/index.php/testemunhos
A viagem prossegue e já em Vila Flor faz-se uma
nova paragem, desta vez para almoçar e conhecer as Tradições Quaresmais da vila
localizada no distrito de Bragança. Na terra onde também se fazem bons
concertos e espetáculos de teatro, o Centro Cultural Vila Flor sobressai mas é na
Igreja Matriz que o coração se emociona pois os altares daquele templo de estilo
barroco fazem lembrar a Igreja Matriz de Castelo Novo, Aldeia Histórica de
Portugal mas na Beira Baixa.
Deixamos Vila Flor debaixo de uma chuva de neve mas
com o estômago aconchegado no restaurante Piripiri. Ali os nacos de febras, o
bacalhau e o polvo à lagareiro deixavam antever o que o cardápio nos reservaria
para as refeições seguintes.
Estávamos na Rota da Terra Fria Transmontana, Rio
de Onor fora um dos destinos seguintes. Mas antes é revelante registar o nome
das aldeias de Bragança onde pernoitámos, combatemos o frio e alimentámos a
alma. Babe e Gimonde. Dormimos na primeira, almoçámos e jantámos na segunda. Se
o conforto do TER- Turismo em Espaço Rural de um antigo juiz lá do burgo é
indesmentível também é verdade que as refeições fartas e baratas - mas também
pouco diversificadas – enriquecem este Caderno de Viagem.
Aquelas postas, o cordeiro na brasa e o vinho da
casa ao qual se juntava um digestivo servido como se fosse um shot ficarão para sempre na memória dos
jovens e adolescentes que, esperam os adultos, voltarão à geografia
transmontana daqui a uns anos.
Pode ser que daqui a duas décadas, seguindo o
exemplo das cotas, providenciem o passeio!
Talvez nesse hipotético regresso, os nossos filhos
e sobrinhos encontrem turistas de outras latitudes ou até uma nova geração de
transmontanos a falar-lhes de referências do nosso Fundão que vão além da
cereja, das cerejeiras em flor ou do resort
Alambique de Ouro, de que nos falaram sempre que a malta dizia de onde
partira.
A gente fica orgulhosa de ouvir falar bem da nossa
terra! Das nossas marcas e da geografia que nos acompanha dentro e fora do sopé
da Gardunha.
Vamos e voltamos de peito cheio. E na bagagem
trazemos postais e ideias feitas sobre boas iniciativas que os nossos
governantes poderiam replicar aqui pela Cova da Beira.
Macedo de Cavaleiros foi o destino de Domingo de
Páscoa. Na hora de retemperar energias e redefinir a rota de regresso ao nosso
Fundão parámos num acolhedor café e nos “Dez Manos” encaminharam os viajantes
para um requintado restaurante que por instantes nos faz acreditar que
estaríamos num qualquer estabelecimento de restauração parisiense.
E não estávamos enganados pois “A Brasa” aconchegou
o estômago, aqueceu o coração, alumiou o caminho e fez-nos acreditar no sonho.
O glamour tomou conta do espaço e dos inúmeros comensais que saíram dali felizes e cheios de vontade de voltar para degustar a bochecha confitada com creme de vinho tinto ou uma daquelas sobremesas de autor que merece um brinde final com champanhe da casa e um viva à criatividade gastronómica e simpatia do chef de sala.
O glamour tomou conta do espaço e dos inúmeros comensais que saíram dali felizes e cheios de vontade de voltar para degustar a bochecha confitada com creme de vinho tinto ou uma daquelas sobremesas de autor que merece um brinde final com champanhe da casa e um viva à criatividade gastronómica e simpatia do chef de sala.
A refeição do primeiro dia de abril foi também um
momento de reflexão sobre um passeio que muito bem combina com o meu hastag “o
interior faz bem”!
Terminava a viagem de três dias a uma parte do
Portugal profundo que os decisores políticos abandonam mas que os turistas de
todo o lado - estrangeiros também! - admiram e recomendam.
É extremamente enriquecedor observar como as
comunidades locais se adaptam à nova realidade e exigências.
Miranda do Douro é um desses lugares de visitação.
Povoado por centenas de turistas, Terra de Miranda, que chegou a ser habitada
por Romanos, é uma cidade que no Sábado de Aleluia tinha o comércio tradicional
cheio de clientes e onde foi possível conhecer a belíssima Sé Catedral ou a
Igreja da Misericórdia.
Todo o casco urbano se assemelha a um gigantesco
museu ao ar livre e naquele fim-de-semana decorria uma Feira de Doçaria e
Produtos Locais que nos fez ficar com água na boca, dançar e abrir a carteira.
Daquele território que o Município local
caracteriza como “Património Natural Cultural” trouxemos postais e vivências
que podem inspirar as nossas comunidades beirãs.
É bom quando assim acontece! É bom quando o nosso Caderno
de Viagem vai muito além da comparação com o nosso quotidiano.
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