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quinta-feira, outubro 31, 2013

Três homens e nove meses de gestação de um carro de corrida


Paulo Dias, Jorge Domingues e Breno Oliveira, têm em comum o gosto pelos automóveis. Os primeiros dois são sócios. Breno Oliveira juntou-se ao projecto e acrescentou-lhe a experiência de quem já trabalhou no fabrico de carros de Fórmula 1. Do sonho à realidade foram nove meses. Sacrifícios e horas roubadas à família. Mas valeu a pena. O Fórmula Tuga, integralmente construído no Fundão, já passou no primeiro teste. Foi há dias em Braga! Ao volante foi o piloto da Covilhã, João Fonseca, mas o ”menino” passou pelos braços de cada um dos engenheiros.




A construção de um veículo automóvel para competição, made in Fundão foi o motivo desta conversa a três. À mesa da Cervejaria Imperial, no Fundão. O mesmo local onde há nove meses estes três especialistas em engenharia automóvel, começaram a desenhar um veículo que poderá tornar-se num projecto de relevo no mundo dos carros de competição. Entre revelações e explicações, descobrimos o que move Paulo Dias (professor de mecatrónica automóvel) e Jorge Domingues (empresário no fabrico de reboques), sócio do primeiro na empresa que fabricou o veículo. A “Fanspeed Racing lda”. Ao centro, Breno Oliveira. Engenheiro, especialista em dinâmica automóvel, detentor de uma larga experiência académica e de fabrico de automóveis. Trabalhou para a empresa espanhola de Fórmula 1 HRT e deu “um forte impulso e know how “ao carro que agora lhe apresentamos. Começou a ganhar forma em Dezembro de 2012 e nove meses depois ficou pronto para o primeiro teste competitivo oficial. Foi há dias no circuito do Sameiro em Braga. A empresa Multireboques Lda de que é proprietário o Jorge Domingues foi o centro de produção. Foram muitas noites sem dormir, preenchidas com um trabalho minucioso que ocupou estes três inventores também ao domingo. O Verão trouxe o produto final. Um veículo veloz e versátil. Chassi monolugar, tubular, dispõe de uma carroceria que cobre todos os componentes mecânicos, sem apêndices aerodinâmicos, motor de 1200 centímetros cúbicos (proveniente de uma moto),cinco velocidades e abastecido a gasolina. A segurança é outra das singularidades do veículo que dispõe de duas crash boxes, à frente e atrás, para absorver impactos. Eis o carro fabricado no Fundão para competir na categoria da Fórmula Tuga e em provas onde estarão igualmente os Fórmula Ford, Fórmula Vee e outros. “Tem um motor com 130 cavalos, 590 quilos com o piloto, é um monolugar”. Não estando totalmente contabilizado o investimento inicial, os produtores sublinham o espírito de abertura e cooperação das muitas empresas do distrito de Castelo Branco que se associaram ao projecto. “Temos empresas muito válidas, capazes de responder a solicitações de peças com especificidades que além de concluídas a tempo revelam que a região dispõe de empresas de uma capacidade tecnológica e científica capazes de as colocar nos píncaros a nível internacional”, destacam. “Temos uma ideia para a comercialização do produto, passa pela construção de uma versão mais económica do modelo de competição, posteriormente admitimos avançar para o fabrico de um produto que possa ser homologado para a circulação em estrada”, adiantam os inventores de um carro já registado mas ainda não patenteado. “O processo burocrático está em curso, pois a construção do carro passou por mecanismos inovadores”, concluem. O aparecimento de uma modalidade do desporto automóvel que passa pela existência de “monolugares com um só assento, com um chassi de aço sobre rodas descobertas e sem apêndices aerodinâmicos” foi o mote para o desenvolvimento do projecto. Os criadores do veículo quiseram tirar partido de uma particularidade: “Uma construção de um carro cuja cilindrada respeitasse a designada Fórmula Tuga e a relação peso/velocidade”. Acresce ainda a discriminação positiva atribuída ao produto concebido em Portugal, explicou Paulo Dias. “Nós queríamos construir um modelo que mais tarde pudesse ser um carro desportivo e possa ser matriculado e utilizado na via pública. Encontramos aqui uma fórmula de rentabilizar o investimento inicial, aproveitando a possibilidade de o modelo vir a ser replicado em veículos para estrada”, esclarece Jorge Domingues. Para já as atenções estão concentradas no modelo para provas específicas mas a intenção futura é dar maior visibilidade ao projecto económico. Entre adaptar algo concebido no estrangeiro ou construir um modelo de raiz, os promotores do veículo focaram-se na segunda hipótese e o produto final parece do agrado dos especialistas. Que o digam os responsáveis pelo circuito Single Seater Series de Braga (prova de monolugares inserida nos Campeonatos Nacionais de Velocidade) onde o protótipo se estreou recentemente, tendo alcançado o primeiro lugar na sua categoria. “Esta prova foi o teste zero. Alcançamos o primeiro lugar na Fórmula Tuga, tendo em conta que somos pioneiros na apresentação de um produto completamente fabricado em Portugal, teve um sabor muito especial”. 

Publicado no Jornal do Fundão de 3 de Outubro de 2013

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