Mostrar mensagens com a etiqueta Afectividade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Afectividade. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, julho 12, 2019

Pessoas que vão e pessoas que ficam


Quantos de nós olhamos para o caminho e nos damos conta da quantidade de pessoas que deixámos para trás? Deixámos ou foram essas pessoas que se afastaram de nós, dos nossos projetos e vivências?

As perguntas, bailam-nos no pensamento sempre que passamos por uma provação, quando iniciámos um projeto ou concluímos outro. Vivemos o momento com a energia e intensidade que o mesmo traduz mas observamos que algumas vezes somos seres solitários nessa viagem e relação de compromisso com as nossas coisas.

É então que a nossa memória, mesmo seletiva, nos conduz às pessoas que fizeram o mesmo percurso ou nos alimentaram o trilho do paralelo da vida.

Recordamos os dias mais perturbadores e os indubitavelmente felizes. Recuperamos a memória inabalável da presença das nossas pessoas, naquele dia, àquela hora. No momento mais improvável mas importante da nossa vida.

São essas minhas pessoas que pretendo “homenagear” com esta ode à valorização d@s amig@s de sempre e para sempre.

Também há as pessoas que outrora foram antecâmara das nossas preocupações e venturas. As tais pessoas que ficaram pelo caminho ou que deixaram de nos dizer presente.

E que dizer das pessoas que um dia nos foram próximas, morando nas nossas gavetas e agora nos observam de forma cordial?

Também há aquelas que fazem vista grossa. Aqui abro um parêntese para dizer que perdoei mas não esqueci aqueles seres humanos que passaram metade da vida a tecer-me loas e quando deixei de lhes dar palco mudavam de passeio para não me cumprimentar.

Ensinamentos num percurso em que dou especial importância às minhas pessoas. Aquelas que nunca me falham. Na alegria e na dor. Nos momentos solenes ou nas mais ridículas situações capazes de me deixar desconfortável.



E quem são as minhas pessoas? E as que ficaram pelo caminho?
Pensem nisto. Eu sei quem são, todas essas pessoas. Todos nós sabemos.

Agora façam esse exercício e obriguem-se a dedicar mais tempo de vós às pessoas que nunca vos falharam. Essas pessoas são incondicionalmente o nosso espelho.

Dêem-se. Digam presente. Surpreendam-nas.

Não fiquem à espera do último adeus para lhes dizerem que as amam. Que têm saudades dos tempos em que a vida foi mais generosa e potenciou mais encontros e partilha.
Digam-lhe hoje.  

terça-feira, novembro 28, 2017

Os Amigos Revelam-se

Num dos textos do livro “O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas”, o teólogo José Tolentino Mendonça sugere ao leitor uma reflexão sobre os amigos de perto e de longe. Os que estão sempre presentes e os distantes. Na atitude e no verbo.

Sugere o escritor e poeta que sejamos capazes de valorizar a afeição em vez da posse.

E mesmo quando o desprendimento é uma realidade, Tolentino Mendonça sugere que sejamos capazes de crer na essência da história e na origem dos laços.

E diz o texto:

A etimologia da amizade reenvia-nos, assim, não para uma qualquer experiência casual, mas para a memória daquela afeição primeira que estrutura silenciosamente a existência. Por isso, na sua espantosa leveza, e sem alardes, a amizade dialoga com coisas muito fundas dentro de nós: faz-nos reviver o primeiro amor com que fomos (ou não fomos) amados; toca as nossas feridas, mesmo as que não conseguimos verbalizar; transmite-nos confiança para sermos o que somos e como somos; estimula-nos a progredir vida fora.
Nem todas as nossas amizades chegam a tomar consciência da extraordinária viagem interior que as mobiliza”. (…)



É bem verdade que muitas vezes a amizade não vai além da verbalização de uma palavra mas há sempre a esperança de que os verdadeiros amigos estejam sempre ao nosso lado.
Haja o que houver!

Porém há os dias em que a dúvida se instala e a alma veste-se de negro por sentir que uma e outra vezes, muitas vezes, a amizade deixa de traduzir-se em afeição e passa a ser um termo amplo e sem gesto. Sem o laço genuíno que vinha da primeira e silenciosa estrutura.

É então que nos olhamos ao espelho e nos perguntamos se o defeito é nosso. E se o nosso conceito de amizade e reciprocidade combina com a abordagem prosaica de uma convivência e cumplicidade sem estimulo e carregado de omissões e ingratidão.

Estes têm sido anos para desbravar caminhos, afastar pedras e vencer barreiras.

É também um período da minha vida em que tenho observado os meus amigos. Os de perto e de longe. Os presentes e os ausentes. Os desprendidos que são capazes de surpreender. Pela sua generosidade pela genuinidade de cada gesto!

Quem se lembra de nós, quem gosta de nós, promove. Age. Não omite. Dá continuidade ao registo.

Que me desculpe o José Tolentino Mendonça mas eu preciso de sentir que os meus amigos mesmo distantes estão próximos.

Estão sempre aqui. Chamam por mim. Perguntam como estou. Acompanham o meu percurso. Ouvem, leem e criticam. Dizem presente.

E fundamentalmente não são ingratos.

Eugénio de Andrade o poeta maior

 Fui à Póvoa. À terra do poeta nascido há uma centena de anos. Encontrei memória falada, orgulho e expetativa quanto à importância de Póvoa ...