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terça-feira, novembro 06, 2018

"Em momentos de adversidades somos uns heróis"


O Enfermeiro do Ano 2018 participou como especialista em reabilitação em “seis campeonatos da europa e três mundiais” e por essa razão considera-se um embaixador da região. “Nesses destinos há embaixadores de Portugal e ficam a saber que há um covilhanense na comitiva”. “Honrado” pelo reconhecimento da Ordem dos Enfermeiros, António Fonseca acredita que o troféu motivará “uma classe que deve ser valorizada”, sobretudo num momento de “enormes dificuldades instaladas”.



Descreve-se como “humilde e determinado”. Os seus pares valorizam-lhe a “liderança” e “dedicação”. “Vive a enfermagem com paixão”. O gosto pela enfermagem descobriu-o ainda nos bancos da escola e teve o primeiro impacto no final da década de setenta do século XX quando decidiu estudar enfermagem na Escola Superior de Saúde Lopes Dias em Castelo Branco. Iniciou a carreira, em outubro de 1980, no antigo Hospital da Covilhã como enfermeiro no serviço de urgência. Seguiram-se cinco anos de atividade no bloco operatório e uma especialização de três anos, em enfermagem de reabilitação, que lhe valeu subir na carreira e abraçar a ortopedia.

António Manuel Santos Fonseca, o Enfermeiro do Ano 2018, foi distinguido pela Ordem Regional dos Enfermeiros do Centro no dia 20 de outubro. Nasceu no berço de uma família humilde - o pai era tecelão e a mãe metedeira de fios –, no bairro dos Pinhos Mansos, no Tortosendo. Aos 58 anos e na “antecâmara da reforma” António, que tem dois filhos também eles a trabalhar na área da saúde, não esconde que a esposa (Vera Fonseca) é o seu “maior suporte”. Agradece-lhe a “cumplicidade e entrega” mas também dedica o prémio a “toda a minha equipa” do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB).

O reconhecimento pelo empenho do enfermeiro-chefe no Serviço de Ortopedia do CHCB, hospital onde exerce há 38 anos, também valoriza o percurso iniciado há 15 anos na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) enquanto enfermeiro especialista em reabilitação e ao serviço da Seleção de Portugal de Futsal. Fonseca integra a equipa médica, constituída por um médico, um enfermeiro e um fisioterapeuta, que em fevereiro último celebraram o título de Campeão Europeu de Futsal.

Com 38 anos de enfermagem e 34 de desportista, António lembra o começo do percurso desportivo no Sporting da Covilhã bem como a atividade desenvolvida no Teixosense, na Associação Desportiva da Estação e na Associação de Futebol de Castelo Branco (AFCB). A prática de enfermagem nos clubes da região e o trabalho de formação realizado na AFCB “foram determinantes” na ida para a FPF onde chegou em 2003.



Em declarações ao Jornal do Fundão António Fonseca vinca que os enfermeiros são uma “peça fundamental” na valorização da pessoa, recordando o tempo em que realizou apoio domiciliário junto de doentes em ortopedia. “A enfermagem e reabilitação” são importantíssimas na “recuperação integral da pessoa”. Sobre o atual momento da enfermagem António Fonseca é perentório. “Há um desgaste dos profissionais de enfermagem inerente às dificuldades que são do domínio público”. 
E como é trabalhar sob pressão, salvar vidas humanas ou preparar atletas para desafios de futsal? “Na ortopedia e ortotraumatologia há doentes penosos para a missão de cuidar dos enfermeiros. São situações que deixam marcas”. Por outro lado, “não podemos falhar”. Na preparação logística António tem “a responsabilidade de elaborar as listagens dos recursos materiais necessários para os grandes desafios”, conta-nos.

Sublinhando a componente humana do cuidador, António admite que quando se reformar escreverá um livro sobre aprendizagem e experiências. “Na minha vida tenho muito boa comunicação com quem me cruzo, desde profissionais e famílias. São histórias que poderão ser uma referência para quem pretenda enveredar por esta área”. Além da formação de base, António Fonseca considera “importante a permanente atualização de conhecimento” em matérias que, acredita, despertarão interesse nas novas gerações de profissionais de saúde.

Na abordagem jornalística para darmos a conhecer o percurso do Enfermeiro do Ano, importa escrever que António Fonseca não esquece as origens. Aliás, as suas palavras denotam orgulho na Cova da Beira e na Covilhã que “no estrangeiro associam à serra da Estrela”. Fala da Universidade da Beira Interior como “relevante na abertura de horizontes” destacando o departamento de desporto na pessoa de Bruno Travassos. “Depois há o José Luís Mendes com uma trajetória muito bem estruturada. O mesmo acontece com o Joel Rocha um outro grande amigo que foi meu jogador na ADE. Gente de muita qualidade e potencial para vingar em outras latitudes”. 

E quanto ao futuro e aos sonhos que ainda não concretizou? – “Noutro contexto eu gostaria de ter integrado o departamento médico na UEFA ou na FIFA”. Um sonho que será sempre “para uma pessoa mais nova”, afirma o nosso interlocutor.


#Texto integralmente publicado na edição de 01 de novembro de 2018

quarta-feira, outubro 02, 2013

Catarina Rondão uma vida que se confunde com o desporto

Inspirada em José Mourinho e portadora de uma enorme vontade de ganhar. Dirigente associativa, desportista e professora descrente quanto ao futuro da educação em Portugal. Eis Catarina Rondão. Nelita para os amigos! 

Gosta de café e até lhe parece que a cafeína pode ser um bom aditivo para a prática desportiva, mas preferiu uma água fresca. “Ativa-nos antes da competição, de preferência se for tomado meia hora antes da prova”, explicou a presidente do Grupo Desportivo de Valverde (GDV). 
É presidente desde 25 de Agosto. “Fui quase empurrada porque dava aulas de ginástica e manutenção às pessoas de Valverde e dei-me conta de que havia ali infra-estruturas que poderiam ser rentabilizadas. A direção cessante lançou-me o repto para eu avançar. Primeiro achei a ideia descabida, pois nunca me vi dirigente de topo, mas depois…! Valverde é a única aldeia com condições para ter de tudo um pouco. Seria um desperdício o clube não apostar em coisas diferentes. Como amante do desporto não poderia excluir-me”. 

O lema é Desporto Para Todos. “Teremos caminhadas temáticas ginástica de manutenção para senhoras, manteremos o futsal”. Promover o todo o terreno com grupo Bate Mato, também é uma aposta. Sustentabilidade é a palavra de ordem num clube que não quer ser subsídio-dependente. “Hoje o associativismo não se compadece com carolice. Tem de haver reconhecimento do trabalho de quem dinamiza os clubes. Temos de ser mais profissionais que carolas”. 

Aos 29 anos, Catarina Rondão será uma das poucas - senão a única- mulheres à frente dos destinos de um clube que, tendo um percurso vincadamente virado para o futebol, está a iniciar uma viragem. “Queremos torná-lo mais eclético. Aberto a toda a população”. 
O GDV passará a centrar toda a componente desportiva de formação no futsal. Mas haverá espaço para o pedestrianismo, cultura (cinema ao ar livre, teatro e exposições são uma hipótese) e combate ao sedentarismo”. 
Não sendo comum a população do interior estar familiarizada com modalidades como canyoning ou rappel e outros desportos radicais, Catarina Rondão confidencia-nos que em Valverde há condições para todas as modalidades. E fala-nos desse espírito de motivação e competitividade. “Crer na possibilidade de chegar ao topo. É isso que faz a diferença no desporto e em todo o lado.” Uma matriz que, enquanto treinadora, tenta transmitir aos seus jogadores. “Mas não é regra pois os objetivos definem-se mediante a realidade de cada grupo. Para ganhar é preciso haver motivação, dedicação e empenho”, esclarece. 

Catarina Rondão já foi atleta. Começou no atletismo no Grupo Desportivo de Valverde, passou pelo Agrupamento de Escolas do Fundão e pelo Grupo de Convívio e Amizade nas Donas. Foi selecionadora distrital de futsal. Antes disso, integrou “a geração de ouro” de desportistas do distrito de Castelo Branco. Sob orientação do então selecionador distrital de futsal, Catarina Rondão, bebeu de José Luís Mendes algumas das suas competências para ser vencedora. 
Joel Rocha, atual treinador da equipa de futsal sénior do Fundão, também foi um dos mestres desta antiga campeã de futsal. Ao serviço das Donas e mais tarde com as cores da Desportiva da Estação, Nelita fez parte das primeiras equipas de futsal feminino da região. Conquistou títulos. Um patamar que ainda não alcançou na sua ainda curta carreira de treinadora de futebol no Clube Académico do Fundão. Nada que a fragilize. 

O caminho faz-se caminhando. Parece um lugar-comum. Mas não é! No café à mesa da Pastelaria Jardim, no Fundão, Catarina Rondão partilhou connosco o seu palmarés e as experiências mais enriquecedoras de uma vida integralmente dedicada à atividade física. Também nos contou das frustrações da professora de educação física. “É com muita tristeza e frustração que nos damos conta que estudamos para uma finalidade e um ideal de ensino que está cada vez mais distante do sonho”. Como é que chagamos aqui, perguntei-lhe. Respondeu que “o problema não é de agora, houve exageros repetidos. Os cursos de educação deveriam estar todos fechados. Mantemo-los abertos para quê? Pergunta. 

Catarina é professora do ensino básico, variante de educação física, desde 2007. Acrescentou à licenciatura um mestrado em educação física. No Ministério da Educação só teve oportunidade para leccionar 7 meses e uma semana. Diante isto, está tudo dito.

Texto publicado no Jornal do Fundão de 26 de Setembro de 2013

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