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terça-feira, outubro 24, 2017

Bem-Haja

Há uma música do Caetano Veloso que diz assim:
(…) Quando a gente gosta 
É claro que a gente cuida  (…)

A letra de “sozinho” pode parecer que aparece aqui desgarrada daquilo que me proponho partilhar com os leitores. Mas não!
A mesma encaixa no desabafo digital que observei há dois dias quando um jovem empreendedor manifestava admiração e gratidão por aqueles que são capazes de elogiar e dar força para o caminho.

Efetivamente, não conheço ninguém que não goste de uma palavra de felicitações, um aplauso pelo êxito de uma iniciativa ou pela perspetiva de afirmação de um projeto.

Mas, na verdade, também não conheço muita gente capaz de nos transmitir uma palavra de apreço ou regozijo pelo nosso êxito.
E aqui entra o elogio. Elogiar não tem de ser subserviência ou bajulice.  

Mas convenhamos que um elogio faz bem! Enche-nos de orgulho, estimula-nos a entrega, o sentido guerreiro, o apego às nossas causas.
Porém, quem é capaz de nos dar um elogio sem segundas intenções? Quem é capaz de reconhecer com honestidade os nossos passos ou o percurso adotado?

Lembrem-se lá!
Digam-me que estou a ser bastante injusta. Digam qual foi a última vez que o vosso chefe elogiou o vosso trabalho?

E aqui lembro-me imediatamente de António Paulouro. O fundador do Jornal do Fundão e da Rádio que me preencheu a vida durante 22 anos, nunca me fez um telefonema para enaltecer um noticiário. Nunca! De cada vez que o telefone da redação da Rádio JF tocava era sempre para criticar, exigir, sugerir.

Às vezes sentíamo-nos deprimidas com a frieza das palavras, com a ausência de um gesto de satisfação pelo empenho e dedicação dos que escreviam, produziam e apresentavam as notícias.

Mas António Paulouro ouvia os noticiários. E puxava por nós! Também nos surpreendia com questões de natureza literária e ai de quem não estivesse a ler um livro!

Agora que observo a gratidão do jovem empreendedor pelo reconhecimento e odes ao seu percurso empresarial, recordo-me de António Paulouro e só posso estar-lhe grata pela atenção que dava ao meu trabalho. Ao nosso trabalho coletivo.
Bem-haja António Paulouro!

Se outros lhe seguissem o exemplo, certamente muitos menos se sentiriam órfãos no seu trilho laborioso.


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