Já não escrevo diários da pandemia há quase 20 dias.
Estou em semi confinamento há
mais de um mês. Tantos dias, quantas as vezes que fui e vim do trabalho.
Estas viagens casa - Santa Casa
da Misericórdia do Fundão com direito a paragens pontuais para abastecer a
despensa cá de casa têm-me deixado respirar.
Pouco mais que isso.
Contrariando a expectativa
inicial que apontava para um período de algum relaxe nas obrigações
profissionais e tempo, com fartura, para devolver disponibilidade e entrega a mil
coisas pendentes revelou-se um engano.
Eu vou e venho, ligo e desligo
o pensamento das obrigações. Mas não consigo ter energia suficiente para me
concentrar em algo prazeroso, aprazível, capaz de me fazer sentir plenamente
feliz.
Hoje confessava a uma amiga a
minha frustração e aborrecimento interior quanto à incapacidade de dar
expressão escrita às múltiplas vivências que têm caracterizado este mês e tal de
conversação factual com profissionais do Terceiro Setor. Pessoas como nós que, de forma exemplar, têm vivido a pandemia da covid 19 com um sentido de entrega e criatividade
ímpares.
E chegam-me relatos de pessoas
igualmente excecionais cuja batalha contra o coronavírus se tem revestido de
tantas narrativas emotivas e cheias de vida!
Que preguiça mental é esta que
me devora a mente e faz de mim um ser incapaz de concentrar-se na essência das
experiências maiores e cheias de sentimento?!
Reflexões, no exato momento em
que a memória me recorda: Dulce tens horas de perguntas e respostas cujo conteúdo
precisas transcrever, dando continuidade a um dos mais importantes projetos do corrente
ano.
Raios partam a pandemia, a
passividade ou a saudade das semanas que chegavam ao fim com direito ao
exercício mental de realizar as conversas no «Porque Hoje é Domingo» na Rádio
Cova da Beira.
Depois havia os jantares com as
amigas de uma vida, os lanches e petiscos na nossa amada Nanda.
Desta vez nem fizemos o
ajuntamento maior que assinalava o fim do Inverno e a chegada da Primavera !
Conseguiremos despedir-nos do Outono?
Conseguiremos despedir-nos do Outono?
Saudades vossas minhas
aranhiças do coração!
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