Terminou mais uma edição do Festival de Música Antiga de Castelo Novo. Um evento diferenciador que em boa hora Vítor Martins e Pedro Rafael Costa trouxeram para a Aldeia Histórica do concelho do Fundão. A concepção e produção do Festival é assinada pelo Município do Fundão.
É uma ideia muito feliz. Espero que se repita por muitos Verões, estações, momentos e ocasiões.
É uma ideia muito feliz. Espero que se repita por muitos Verões, estações, momentos e ocasiões.
Às vezes, muitas vezes, bastam as conversas - de preferência se forem como as cerejas - para fazer acontecer e romper com a monotonia dos dias.
Encravada na encosta da Gardunha, Castelo Novo é uma dessas raras jóias do Património da nossa Beira e do país do bom sol e das tradições que nunca morrem. Mas essa geografia nem sempre é suficiente para concretizar sonhos e fazer da vontade uma narrativa com final feliz.
Felizmente há os entusiastas. Homens e mulheres capazes de arregaçar as mangas, bater a todas as portas e fazer acontecer.
O Festival de Música Antiga de Castelo Novo vai na IV edição. Penitencio-me por ter demorado tanto tempo a observá-lo e a deixar-me voar pela sonoridades dos séculos XVI, XVII e XVIII.
Desta vez consegui dizer presente. Não posso deixar de parabenizar Vítor Martins, um ilustre cidadão de Castelo Novo, e Pedro Rafael Costa, um homem da rádio que se rendeu a Castelo Novo (quem não se rende?) e que com a ajuda do Município do Fundão e da Rede de Aldeias Históricas de Portugal conseguiram realizar "Ventos Nocturnos"
O nome do Festival não poderia ser mais bem escolhido pois as noites imensamente quentes requerem uma brisa e algo que nos faça despertar os sentidos e viajar....viajar...até onde a mente alcança.
O Festival de Música Antiga de Castelo Novo que levou àquela aldeia a soprano Ana Paula Russo e a mezzo soprano e criativa cantora de música antiga Maria Jonas foi essa lufada de ar fresco com sabor a banho refrescante de cultura.
Aquele espetáculo da dança barroca que nos transportou para a obra de Sebastian Bach foi excepcional.
A abertura "com chave de ouro" do Festival aconteceu no jardim da Quinta do Alardo. Um espaço emblemático da freguesia. Um belíssimo jardim onde ainda é possível observar o património da Quinta do Alardo. Era de noite e não se viam as flores mas os cedros e as marcas de um jardim romântico acrescentaram beleza à Suite Orquestral majestosamente dançada por um corpo de bailarinos (as) cuja a coreografia foi assinada por Isabel Gonzaga.
O segundo espetáculo a que assisti foi igualmente belo e diferenciador. Aquela viagem sonora e visual ao universo medieval e as cantigas de amigo interpretadas pela Maria Jonas acompanhada pela percussão, guiterne e flautas transversais foi encantadora.
Nota ainda para as explicações prévias de cada espetáculo, um enquadramento histórico notável que ajuda a formar públicos e nos transporta para um tempo e um espaço quantas vezes inimagináveis mas que nos aguçam o apetite para uma nova jornada de descoberta da música e da riqueza dos nossos antepassados.
O Festival de Música Antiga foi, pois, uma intensa e introspectiva brisa de Verão.
Venha o próximo e que na próxima edição consigamos cativar mais jovens por forma a que também eles possam observar a história muito para além dos bancos da escola ou da faculdade.
Obrigada pela cumplicidade!