O
calor de uma quinta-feira de agosto convoca quem está de férias a refrescar-se
nas paradisíacas praias fluviais da Beira Interior, a ficar na piscina lá do
burgo ou na do hotel mais próximo. Naquele 3 de agosto o desafio imposto pela
curiosidade passou por subir ao alto da Torre em plena serra da Estrela.
Às
nove da matina em ponto a “tropa” saiu de casa entrou no carro da condutora
insegura mas audaz e fez-se ao caminho.
Ainda na cidade do Fundão deu-se conta da forte presença de emigrantes que por estas semanas acrescentam movimento e valor à cidade e economia local.
Ainda na cidade do Fundão deu-se conta da forte presença de emigrantes que por estas semanas acrescentam movimento e valor à cidade e economia local.
Embora
muitos comerciantes digam que os emigrantes que passam o ano na Europa já não
vêm tão abonados como antigamente e também já não deixem na banca portuguesa as
divisas de outrora, a verdade é que numa cidade de pequena dimensão como o
Fundão a presença dos emigrantes faz toda a diferença.
Não
sabemos se vêm os tais cerca de 25 mil de que falava há uns dias o autarca
local, quando aludia à forte componente de emigração que caracteriza o concelho
do Fundão, mas sabemos que o pico do Verão coincide com mais gente, por
exemplo, no mercado da segunda-feira.
E
este é, pois, um tempo em que as nossas aldeias e vilas reganham vida e até
atingem um certo patamar cosmopolita. É também essa realidade que o viajante
encontra quando, como comecei por contar, se propõe subir à Estrela num dia de
Verão.
Se
nas Penhas da Saúde o café, momento de caminhada e reencontro com a memória
foi quase solitário, dada a ausência de pessoas nas imediações do hotel "Serra
da Estrela" ou do Clube Nacional de Montanhismo, mais acima começamos a
cruzar-nos com carros de matrícula estrangeira.
Primeiro
os espanhóis. Sim, o país vizinho continua a gostar do nosso sol e mar mas também
se interessa pela montanha. Foi isso que constamos no belíssimo e requintado “Soadro
do Zêzere” em Valhelhas onde almoçamos principescamente e por um preço
razoável.
Mas
a Estrela também é ponto de encontro de emigrantes. Sobretudo os franceses e suíços. Lá os encontramos no alto da serra da serra da Estrela!
Ora para a foto de família e recordações de outras visitas ora para o reencontro com os produtos tracionais da região.
Ora para a foto de família e recordações de outras visitas ora para o reencontro com os produtos tracionais da região.
Alias
quem entra no Centro Comercial da Torre é rapidamente convocado a provar a
deliciosa regueifa, o tradicional queijo da serra ou os paios, presuntos e
lombos embalados em vácuo.
Nesta
altura do ano o movimento de turistas na Estrela cai para menos de metade.
Ainda não existem programas nem atrativos para a serra fora do tempo da neve e
talvez isso explique o decréscimo de turistas no cartaz chapéu do turismo na região.
Nada
que desanime quem tem no Centro Comercial da Torre a rotina de uma vida
inteira. Mas nem só de produtos típicos se faz a oferta comercial. Hoje em
dia é bastante comum encontrar utilidades como atoalhados e panos com
dizeres alusivos a serra. Foram esses recuerdos que muitos espanhóis terão levado
para pais de origem. Souvenirs que muito ajudam a manter o mercado da saudade. Mas também há os "borregos" que no Inverno aquecem os pés, os casacos ou samarras e ainda os gorros que podem ter dizeres alusivos à serra ou ao clube de futebol de maior expressão dentro e fora de Portugal. É no mercado da saudade que muitas vezes se cruzam portugueses oriundos de várias paragens e que no Verão regressam sempre às origens.
Observam então a geografia de berço, renovam abraços e estimulam os afetos "adormecidos" no Verão transacto. É também nesta altura do ano que muitos dos nossos regressam aos locais paradisíacos dos territórios para retemperar energias e embebedar-se na beleza das paisagens verdejantes e na frescura das águas límpidas do rio ou da ribeira mais próxima.
Observam então a geografia de berço, renovam abraços e estimulam os afetos "adormecidos" no Verão transacto. É também nesta altura do ano que muitos dos nossos regressam aos locais paradisíacos dos territórios para retemperar energias e embebedar-se na beleza das paisagens verdejantes e na frescura das águas límpidas do rio ou da ribeira mais próxima.
Naquela manhã de agosto o viajante fez-se ao Covão d`Ametade e foi com um sentimento de indignação que se deu conta do abandono a que está votado um lugar que tantas vezes escolheu para convívios e lazer pois sempre o encontrou limpo e
verdejante.
E permanece verde. Mas não está limpo e os equipamentos votados ao abandono estão destruídos, danificados, sujos. Irreconhecíveis! Será este um retrato apenas do vandalismo ou as mazelas resultam da falta de vigilância e do desapego dos senhores do Parque Natural da Serra da Estrela? Pensar que o Covão d`Ametade foi classificado como Local de Interesse Geológico! Mas alguém se interessa?
Fica o recado para quem o quiser interiorizar. E o mesmo é válido para os gestores do Centro Interpretativo da Serra da Estrela localizado no alto da Torre e permanentemente fechado.
E permanece verde. Mas não está limpo e os equipamentos votados ao abandono estão destruídos, danificados, sujos. Irreconhecíveis! Será este um retrato apenas do vandalismo ou as mazelas resultam da falta de vigilância e do desapego dos senhores do Parque Natural da Serra da Estrela? Pensar que o Covão d`Ametade foi classificado como Local de Interesse Geológico! Mas alguém se interessa?
Fica o recado para quem o quiser interiorizar. E o mesmo é válido para os gestores do Centro Interpretativo da Serra da Estrela localizado no alto da Torre e permanentemente fechado.
Aberto
estava, em Valhelas, o restaurante "Soadro do Zêzere" onde o proprietário nos
recebeu com uma educação e elegância pouco regulares na receptividade a quem
visita o coração da Estrela.
Valeu
a pena "cair da cama" e fazer de um dia de Verão um passeio pelos trilhos da
serra onde desta vez não houve disposição e força anímica para
subir ao Cântaro Magro ou fazer escalada na Parede dos Fantasmas.
Também
não me cruzei com o pastor que há cerca de vinte anos me contou todos os
segredos associados ao pastoreio de cabras e ovelhas.
Talvez o tivesse encontrado se o tivesse procurado nas imediações da casa da ASE- Amigos da Serra da Estrela onde outrora descobri sons e "tarântulas" e me aqueci à lareira da casa abrigo.
Talvez o tivesse encontrado se o tivesse procurado nas imediações da casa da ASE- Amigos da Serra da Estrela onde outrora descobri sons e "tarântulas" e me aqueci à lareira da casa abrigo.
Talvez....
Talvez a proteção e vigilância da floresta tivessem ajudado a prevenir os incêndios que há alguns anos devastaram o Vale Glaciar do Zêzere.
Será o leitor capaz de imaginar a melancolia que nos invade a alma quando num regresso a Manteigas nos apercebemos da erosão dos solos e da destruição da riqueza da serra?
Fica a pergunta.
Talvez a proteção e vigilância da floresta tivessem ajudado a prevenir os incêndios que há alguns anos devastaram o Vale Glaciar do Zêzere.
Será o leitor capaz de imaginar a melancolia que nos invade a alma quando num regresso a Manteigas nos apercebemos da erosão dos solos e da destruição da riqueza da serra?
Fica a pergunta.