“Antecipar o futuro” é o
título de um álbum de canções de Hip-Hop interpretadas por Cevas. Cativou a
minha atenção numa das noites da edição XIII do Festival Internacional de
Teatro ao Ar Livre que decorre no Fundão até dia 27 de agosto.
Ir ao TeatroAgosto no mês
em que a oferta cultural parece mais vocacionada para festas e romarias é uma bênção
para quem continua a acreditar que no Interior de Portugal há movida e há quem
faça acontecer.
O Festival de Teatro do
Fundão é organizado pela ESTE- Estação Teatral. Uma companhia profissional de
teatro radicada no Fundão que, a muito custo e movida a balões de oxigénio,
consegue promover iniciativas culturais diferenciadoras que também acrescentam
notoriedade ao Fundão.
Desde sempre a surpreender direcionando os espetadores e seguidores para o teatro que mergulha na identidade
de um território mas também trabalha obras de grandes dramaturgos, a ESTE
presenteia-nos a cada Verão com um cartaz cultural que orgulha uma comunidade inteira.
Desta vez o TeatroAgosto
volta a brindar-nos com música e já esta noite (23 de agosto) há um Café
Concerto - que é solidário pois as
entradas revertem a favor da campanha de reflorestação da serra da Gardunha-
em que atua “Anita do Brasil”. Ouviremos, então bossa nova, samba e a guitarra
carioca interpretada por Miguelão. Antes disso teremos oportunidade de assistir à mais recente produção da ESTE. "Há Beira na revolta" é um espectáculo que reúne quatro histórias de força e resiliência beirã: A tomada do Carvalhal, A história do Zé de Manteigas, A Rua dos Alves e As Cebolas de Napoleão.Cá está um exemplo de como a recolha e trabalho de laboratório da Estação Teatral nos ajuda a compreender o território!
Não faltam, pois, motivos
para estar em mais um serão na Moagem-cidade do engenho e das artes.
Ali, voltando ao princípio
deste texto, descobri a paixão e arte do jovem natural do Alcaide “Cevas” que através
das letras das suas canções acrescentou criatividade e uma energia vibrante ao
Festival de Teatro do Fundão. Antecipando o futuro, Cevas encantou-nos com a
nostalgia de um amanhã relacionado com a memória coletiva de um território
marcadamente rural e cuja geografia é inspiração para as letras do jovem rapper
nascido na década de oitenta.
O Jovem Simple Sample Digger como se identifica
nas redes sociais tem a freguesia do Alcaide no coração. Das suas letras brotam
palavras de saudosismo quanto à movida na aldeia e convívios citadinos em
lugares emblemáticos do seu Fundão. A cidade onde estudou, cresceu e se fez
homem e à qual regressou para uma noite de ritmos que entusiasmaram a plateia
constituída por fiéis seguidores do percurso do músico que já editou dezenas de
álbuns e trabalhou com inúmeros dj´s de Portugal e do estrangeiro.
No TeatroAgosto fez-se
acompanhar do Dj Fatinch e na voz fez duos com Uno. Cevas está ligado ao
movimento Hip Hop no Fundão e o seu trabalho parece estar a dar frutos. Basta
ouvir atentamente um dos mais conhecidos temas do rapaz que foge aos padrões
comerciais e coloca em cada letra o seu mais apurado sentido critico denotando
a irreverência própria dos criativos.
e a letra
Observei mais do que falei, fui observador,
Olhei no ínfimo dos outros, tornei me comunicador,
Saltei a cerca dos limites sem ser anarquista, '
A vista vês me com ideais universalista.
Dei mais ouvidos a quem precisou de uma pista certa,
Aperta a mão que eu te ajudo a ficar alerta,
Acerta o ritmo de uma vida que dói e infecta,
E se intersecta em humildade que aceita a recta.
A identidade que encontrei também te inspira,
Na mira sou o que sei bem sem ser um akira,
Prefira eu viver em paz com o que te transpira,
Na ira estás sem soluções que mingua ou mirra.
E tudo é grande ou pequeno consoante a estala,
Dentro da escala a dimensão só ilude a fala,
Ninguém agrada a toda a gente pela falta de tempo,
Além do ser mais resiliente existe o consentimento.
Mantenho o circulo em aberto para a tua entrada,
Permito noções de unidade de forma ilimitada,
Onde o limite se estabelece se o que percebeste foi nada,
O entendimento está para quem sente a mesma bojarda.
E os que se juntam ao movimento buscam pertencer,
A uma atitude implacável sem razão de ser,
Só por valer, prevalecer...
Nem sei se tas a entender....
Olhei no ínfimo dos outros, tornei me comunicador,
Saltei a cerca dos limites sem ser anarquista, '
A vista vês me com ideais universalista.
Dei mais ouvidos a quem precisou de uma pista certa,
Aperta a mão que eu te ajudo a ficar alerta,
Acerta o ritmo de uma vida que dói e infecta,
E se intersecta em humildade que aceita a recta.
A identidade que encontrei também te inspira,
Na mira sou o que sei bem sem ser um akira,
Prefira eu viver em paz com o que te transpira,
Na ira estás sem soluções que mingua ou mirra.
E tudo é grande ou pequeno consoante a estala,
Dentro da escala a dimensão só ilude a fala,
Ninguém agrada a toda a gente pela falta de tempo,
Além do ser mais resiliente existe o consentimento.
Mantenho o circulo em aberto para a tua entrada,
Permito noções de unidade de forma ilimitada,
Onde o limite se estabelece se o que percebeste foi nada,
O entendimento está para quem sente a mesma bojarda.
E os que se juntam ao movimento buscam pertencer,
A uma atitude implacável sem razão de ser,
Só por valer, prevalecer...
Nem sei se tas a entender....