No outro dia fui ouvir os Contadores de
Estórias. Numa noite primaveril de abril António
Fontinha, Ana Sofia Paiva e José Craveiro estiveram no Fundão para contar estórias de antigamente.
Relatos sobre pessoas, lugares, tradições e piadas para uma plateia constituída por crianças e muitos adultos que riram muito com "um conto" ao qual se acrescentou "um ponto". Quer isto dizer que a oralidade recolhida na geografia territorial do país é muitas vezes recontada e dinamizada à maneira de cada contador de estórias.
Outras vezes a memória coletiva de uma estória é adaptada à atualidade. Não raras vezes a intervenção soa a sátira.
No fundo, cada um dos atores imprime formulas diversificadas de interagir com o público.
Outras vezes a memória coletiva de uma estória é adaptada à atualidade. Não raras vezes a intervenção soa a sátira.
No fundo, cada um dos atores imprime formulas diversificadas de interagir com o público.
Muitas vezes é o público que
sugere a personagem ou a conclusão de uma linha condutora da Estória.
Naquele sábado à noite, António Fontinha recorreu à imaginação do espectador para questionar o que é um travesseiro.
Naquele sábado à noite, António Fontinha recorreu à imaginação do espectador para questionar o que é um travesseiro.
Houve quem recordasse o travesseiro como nome de um bolo. Uma criança sugeriu que
travesseiro possa ser alguém que atravessa a passadeira.
A segunda opção mereceu a concordância
de António Fontinha e a gargalhada do contador de estórias contagiou uma plateia
inteira.
O segredo do êxito dos contadores de histórias tem muito a ver com o modo de interação entre quem conta e que ouve. Nesse particular António Fontinha e Ana Sofia Paiva são exímios.
O segredo do êxito dos contadores de histórias tem muito a ver com o modo de interação entre quem conta e que ouve. Nesse particular António Fontinha e Ana Sofia Paiva são exímios.
A capacidade de brincar com as
personagens, conferindo-lhe significados diferentes também cativa o público.
José Craveiro, a dada altura, fez um trocadilho com "o diabo das
histórias" ou "as histórias do diabo" e logo a gargalha coletiva
tomou conta da sala.
Também há poesia e canções. Naquela noite recriou-se o "canto" do rouxinol que "é mais rico que o do cuco" avisou quem no palco encantou a plateia.
E as rimas encaixavam na perfeição. "Bendito e louvado que está tudo
contado".
E assim terminou a segunda edição de
"Contadores de Estórias".
Para o ano, em abril, haverá mais uma
sessão, prometeu a bibliotecária Dina Matos. O evento foi promovido pela Câmara
Municipal do Fundão.
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