O Enfermeiro do Ano 2018 participou como
especialista em reabilitação em “seis campeonatos da europa e três mundiais” e
por essa razão considera-se um embaixador da região. “Nesses destinos há
embaixadores de Portugal e ficam a saber que há um covilhanense na comitiva”. “Honrado”
pelo reconhecimento da Ordem dos Enfermeiros, António Fonseca acredita que o
troféu motivará “uma classe que deve ser valorizada”, sobretudo num momento de
“enormes dificuldades instaladas”.
Descreve-se como “humilde e determinado”. Os
seus pares valorizam-lhe a “liderança” e “dedicação”. “Vive a enfermagem com paixão”.
O gosto pela enfermagem descobriu-o ainda nos bancos da escola e teve o
primeiro impacto no final da década de setenta do século XX quando decidiu
estudar enfermagem na Escola Superior de Saúde Lopes Dias em Castelo Branco.
Iniciou a carreira, em outubro de 1980, no antigo Hospital da Covilhã como enfermeiro
no serviço de urgência. Seguiram-se cinco anos de atividade no bloco operatório
e uma especialização de três anos, em enfermagem de reabilitação, que lhe valeu
subir na carreira e abraçar a ortopedia.
António Manuel Santos Fonseca, o Enfermeiro do
Ano 2018, foi distinguido pela Ordem Regional dos Enfermeiros do Centro no dia
20 de outubro. Nasceu no berço de uma família humilde - o pai era tecelão e a
mãe metedeira de fios –, no bairro dos Pinhos Mansos, no Tortosendo. Aos 58
anos e na “antecâmara da reforma” António, que tem dois filhos também eles a
trabalhar na área da saúde, não esconde que a esposa (Vera Fonseca) é o seu “maior
suporte”. Agradece-lhe a “cumplicidade e entrega” mas também dedica o prémio a “toda
a minha equipa” do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB).
O reconhecimento pelo empenho do
enfermeiro-chefe no Serviço de Ortopedia do CHCB, hospital onde exerce há 38
anos, também valoriza o percurso iniciado há 15 anos na Federação Portuguesa de
Futebol (FPF) enquanto enfermeiro especialista em reabilitação e ao serviço da
Seleção de Portugal de Futsal. Fonseca integra a equipa médica, constituída por
um médico, um enfermeiro e um fisioterapeuta, que em fevereiro último
celebraram o título de Campeão Europeu de Futsal.
Com 38 anos de enfermagem e 34 de desportista,
António lembra o começo do percurso desportivo no Sporting da Covilhã bem como
a atividade desenvolvida no Teixosense, na Associação Desportiva da Estação e na
Associação de Futebol de Castelo Branco (AFCB). A prática de enfermagem nos
clubes da região e o trabalho de formação realizado na AFCB “foram
determinantes” na ida para a FPF onde chegou em 2003.
Em declarações ao Jornal do Fundão António
Fonseca vinca que os enfermeiros são uma “peça fundamental” na valorização da
pessoa, recordando o tempo em que realizou apoio domiciliário junto de doentes
em ortopedia. “A enfermagem e reabilitação” são importantíssimas na “recuperação
integral da pessoa”. Sobre o atual momento da enfermagem António Fonseca é
perentório. “Há um desgaste dos profissionais de enfermagem inerente às
dificuldades que são do domínio público”.
E como é trabalhar sob pressão,
salvar vidas humanas ou preparar atletas para desafios de futsal? “Na ortopedia
e ortotraumatologia há doentes penosos para a missão de cuidar dos enfermeiros.
São situações que deixam marcas”. Por outro lado, “não podemos falhar”. Na
preparação logística António tem “a responsabilidade de elaborar as listagens
dos recursos materiais necessários para os grandes desafios”, conta-nos.
Sublinhando a componente humana do cuidador,
António admite que quando se reformar escreverá um livro sobre aprendizagem e experiências.
“Na minha vida tenho muito boa comunicação com quem me cruzo, desde
profissionais e famílias. São histórias que poderão ser uma referência para
quem pretenda enveredar por esta área”. Além da formação de base, António
Fonseca considera “importante a permanente atualização de conhecimento” em
matérias que, acredita, despertarão interesse nas novas gerações de
profissionais de saúde.
Na abordagem jornalística para darmos a
conhecer o percurso do Enfermeiro do Ano, importa escrever que António Fonseca
não esquece as origens. Aliás, as suas palavras denotam orgulho na Cova da
Beira e na Covilhã que “no estrangeiro associam à serra da Estrela”. Fala da Universidade
da Beira Interior como “relevante na abertura de horizontes” destacando o departamento
de desporto na pessoa de Bruno Travassos. “Depois há o José Luís Mendes com uma
trajetória muito bem estruturada. O mesmo acontece com o Joel Rocha um outro
grande amigo que foi meu jogador na ADE. Gente de muita qualidade e potencial
para vingar em outras latitudes”.
E quanto ao futuro e aos sonhos que ainda não
concretizou? – “Noutro contexto eu gostaria de ter integrado o departamento
médico na UEFA ou na FIFA”. Um sonho que será sempre “para uma pessoa mais nova”,
afirma o nosso interlocutor.
#Texto integralmente publicado na edição de 01 de novembro de 2018
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