A Catarina faz anos. Nunca me
tinha dado conta que uma das minhas amigas do coração nasceu um dia antes do
meu filho João. Ou talvez já me tenha ocorrido mas o pensamento terá
sido tão breve que não me fixei na curiosidade do calendário. Hoje fiquei a
pensar em como duas pessoas que me são tão próximas nasceram em anos diferentes
mas apenas com um dia de intervalo.
A Ana Catarina não é uma amiga de
infância e nem temos muitas vivências em comum. Direi que temos mais amig@s em
comum que experiências em conjunto. Mas as que temos são fartas. Generosas!
No outro dia jantámos e fiquei
com a sensação de que ainda tínhamos tanto para conversar! Sabem aquelas
pessoas de que gostamos profundamente mas vemos poucas vezes ? Quando se
juntam, conversam sem rede, riem muito, fazem planos. E no fim do encontro têm
vontade de puxar as orelhas ao relógio.
Não tenho presente o ano, muito
menos o dia, em que nos conhecemos. Sei que a amizade com uma amiga comum nos juntou.
E também sei, sinto, que conheço a Catarina desde sempre.
São tantos os pontos comuns! Os
sonhos, a visão poética do mundo, as boas energias. Fundamentalmente, a
generosidade em observar sem julgar. A entrega sem estarmos à espera de nada em
troca.
Há muitos anos, num aniversário
meu, numa noite gelada de janeiro estivémos juntas num bar do Fundão para
celebrar a vida. A ideia partiu da Marta que nos juntou à mesa das conversas e
fez desse serão um momento imensamente poderoso. Nesse dia, a Catarina
brindou-me com um adereço de moda que ainda hoje me acompanha. Guardo-o com
imenso carinho e sentido de gratidão.
De todas as vezes que o coloco
lembro-me sempre dessa noite. Lembro sempre os olhos azuis e o sorriso
contagiante da Ana Catarina. O colar com uma gaiola e um passarinho é um
símbolo de liberdade. É uma ode à criatividade e às energias boas. Àquel@s que
nos ajudam a voar.
Desses tempos longínquos guardo
ainda o desafio de participar num livro solidário de poesia. Escrever um poema
para uma obra cujas receitas reverteriam a favor da Entrelaços entusiasmou-me.
Não tanto pela possibilidade de as minhas palavras passarem a estar reunidas
num livro onde outros poetas de verdade iriam partilhar os seus dotes
literários. Mas por ser um desafio da Ana Catarina Pereira. Inicialmente receie
não estar à altura da exigência. Depois a ideia ganhou asas e saiu um poema de
amor. Daqueles que nos desnudam e permitem interpretações várias.
Não tenho aqui o poema para o
transcrever. Talvez seja mais seguro mantê-lo no baú das coisas escritas. As
pessoas mais curiosas poderão encontra-lo nesse livro solidário que ainda está
à venda, por exemplo, na Junta de Freguesia do Fundão.
Os livros sempre foram um ponto
forte na minha relação com a minha amiga aniversariante. Há dias enquanto lia o
contributo dela no livro “o que pode a arte?” editado pela Bordô –Grená foi
delicioso deixar-me envolver pelo poder da poesia na discussão de outra causa nossa: A
Igualdade de Género.
O texto “pela poesia é que vamos –
pela arte, resistimos” permitiu-me descobrir “leite e mel” de Rupi Kaur. Uma
extraordinária obra poética que nos fala de amores e desamores, abusos e
perdas. Ofensas encobertas à mulher. Foi ainda nesse artigo da minha amiga
apaixonada pelo cinema no feminino que também encontrei motivação para, de uma
vez por todas, ler com atenção a obra de Simone de Beauvoir. A escritora cuja
obra desconstrói mitos e estereótipos sobre género e sexo escreveu no livro “segundo
sexo” que “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”.
Que dizer mais sobre uma amiga
inspiradora sempre disponível para enriquecer o meu percurso na comunicação? Neste
capítulo, recordo as entrevistas que me deu. A mais recente aconteceu em 2017
no meu “Porque Hoje é Domingo” na Rádio Cova da Beira e está aqui. https://www.mixcloud.com/dulcegabriel58/porque-hoje-%C3%A9-domingo-12-fevereiro-2017-rcb-ana-catarina-pereira/
Deleitem-se!
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