A Filarmónica União de
Santa Cruz assinalou 211 anos de existência. Além de realizar a festa da Santa
Cecília- Padroeira dos músicos - promoveu um master classe que reuniu uma
dezena de participantes. Orientada pelo professor, da Academia de Música e
Dança do Fundão, David Machado a formação terminou com um concerto bastante
aplaudido.
A história desta
instituição bicentenária confunde-se com a história de muitas pessoas daquela
localidade. Várias famílias têm na Banda de Santa Cruz um percurso de vida
dedicado à música e aos instrumentos. Luís Santos é mestre da Banda União de
Santa Cruz desde 1978. Mas o seu bisavô também por lá passou. Actualmente a
formação composta por duas dúzias de músicos reúne vários descendentes da
família Santos. O Rui e o Tiago são filhos do regente mas a família Santos
também tem na banda dos netos Diana, Luís e o Gonçalo. Todos tocam instrumentos
de sopro e o mais novo também se dedica à precursão. Para eles a música, seja
ela qual for, é uma terapia e um modo universal de comunicação. Diana é a mais
velha, toca saxofone, está no oitavo grau de canto. Vai seguir música mas o avô
gostaria que Diana Santos chama-se a si a liderança da instituição. E Diana não
diz que não! “Sinto alguma responsabilidade e no futuro alguém deve preservar
este património, dependendo do rumo que a minha vida der verei”, afirma. Mas o
avô Luís tem outras ambições: Instalar a colectividade na antiga escola básica
de Aldeia Nova do Cabo. “Permitiria criar uma sala de ensaios com acústica e um
espaço de aprendizagem para as novas gerações de músicos”. A par da mudança de
instalações, a Banda União de Santa Cruz reclama um espaço mais seguro para o
espólio da instituição. O designado Museu da Banda mora no edifício da junta de
freguesia mas como às vezes chove lá, a humidade é um perigo para as partituras
e instrumentos. Além da família Santos, também os Cunhas, que já estiveram na
banda com o avô e o pai tem na formação um neto, e os Tavares têm um percurso
de vida associado à Filarmónica. Os laços de família estimulam a dinâmica entre
a população da Aldeia e a música. Uma dinâmica que marcou o master classe
realizado no fim-de-semana de aniversário e que reuniu uma dezena de
participantes dos 11 aos 28 anos. Da história da Filarmónica fazem parte
inúmeros concertos na região e em Lisboa (a convite da associação de amigos e
naturais de Aldeia Nova do Cabo) bem como a presença em cerimónias presididas
pelo Presidente da República ou por vários governantes. Uma das últimas
actuações aconteceu na Twintex, empresa de prestígio da região, que ofereceu o
novo fardamento da formação que agora volta a vestir de azul. Com uma saúde financeira
estável a Banda de Santa Cruz espera continuar a realizar muitos concertos por
forma investir em novos instrumentos. Depois do saxofone alto estreado nos 211
anos, faltam bombardinos, clarinetes e outros que se juntam à tuba que a junta
de Aldeia Nova do Cabo lhes ofereceu.
Publicado no Jornal do Fundão em Outubro de 2013
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